sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Ferrez em Gigapixel

Os espetaculares registros do Rio de Janeiro feitos por Marc Ferrez no século XIX e início do XX constituem um impressionante documento sobre a cidade. Ruas, personagens, grandes paisagens, nada escapou das lentes do fotógrafo, cujo acervo pertence ao Instituto Moreira Salles. Por isso, a possibilidade de descobrir em cada imagem um detalhe até então impossível de se ver a olho nu significa fazer uma incrível viagem no tempo e na História. É o que o público poderá experimentar no site e no aplicativo do Google Arts & Culture, projeto do Instituto Cultural do Google feito em parceria com diversas instituições ao redor do mundo, que disponibilizará em poucas semanas na plataforma mais 45 fotos de Ferrez – e não apenas do Rio de Janeiro. Elas vão se somar a outras dezenas do fotógrafo já disponibilizadas na coleção pelo IMS, mas com uma grande diferença: estas foram digitalizadas pelo projeto ArtCamera, do Google, que desenvolveu uma câmera de última geração capaz de registrar imagens em gigapixel, compostas por mais de um bilhão de pixels, aumentando incrivelmente sua resolução.

Equipe do Google digitalizando fotografias de Marc Ferrez
O ArtCamera foi projetado inicialmente para digitalizar pinturas. A primeira exceção foi aberta justamente para o acervo fotográfico do IMS, e a primeira obra digitalizada pelo projeto foi uma imagem da Avenida Central, feita por Ferrez em torno de 1910, já disponível no site desde o final de 2013. É possível passear pelos detalhes de toda a imagem e perceber, por exemplo, com impressionante nitidez, no canto direito inferior da fotografia, a expressão de franco entusiasmo e alvoroço de um grupo de rapazes ao ver passar uma jovem com as canelas descobertas. Sem a altíssima resolução, a cena tão simples, mas tão reveladora de uma época seria apenas parte do cenário. Entre as fotos que ainda chegarão à plataforma há uma bela imagem de trabalhadores no terreiro da fazenda Monte Café, em Sapucaia (RJ), poucos anos depois da abolição da escravidão, e outra da construção do Porto de Santos, em 1880.

A captura de cada imagem pode durar entre cinco minutos e uma hora, dependendo do tamanho da obra, explica o fotógrafo Olegário Schmitt, que trabalhou na digitalização dos negativos de vidro de Ferrez. A câmera é acionada e calibrada por softwares desenvolvidos pelo Google. “É como se cada imagem comportasse outras 80 de alta resolução”, diz ele. O foco é garantido por laser e sonar que usam alta freqüência de som para medir a distância em relação à imagem.
 “Apesar da riqueza de detalhes, o time do Google criou um sistema simples de ser utilizado, que permite fotografar pinturas com ultrarresolução em no máximo uma hora”, detalha Liudmila Kobyakova, program manager do Instituto Cultural do Google no Brasil, lembrando que, além do IMS, a ArtCamera foi utilizada por outras instituições no país como Pinacoteca, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu Afro Brasil, Inhotim, Centro Cultural São Paulo, Casa Guilherme de Almeida e o cartunista Ziraldo. 
Porto de Santos, uma das fotos de Marc Ferrez disponíveis em breve em gigapixel 
As fotografias de Ferrez digitalizadas pela ArtCamera só serão integradas à plataforma mais adiante, mas desde o dia 29 de julho quatro novas exposições virtuais se juntaram às outras oito compostas pelo acervo do IMS (totalizando 352 imagens) no Google Arts & Culture. São duas mostras sobre o Corcovado (uma registrando o morro antes e a outra depois da chegada do Cristo Redentor); Modernidades fotográficas (em cartaz no IMS-RJ) e O paço, a praça e o morro, que ocupa o Paço Imperial até o dia 28 de agosto. Um tourvirtual pela exposição Modernidades fotográficas também está disponível no site. No aplicativo do projeto, além do tour virtual pela exposição, há outro pela casa do IMS-RJ e a própria foto da Avenida Central feita por Ferrez. Todos podem ser vistos nos cardboards, espécie de óculos que permite enxergar imagens com realidade aumentada e que são comprados pela internet.

Além das fotografias e exposições do IMS, o Google Arts & Culture também botou no ar dia 29 acervos de outras sete instituições e coleções cariocas: Santuário Cristo Redentor, Secretaria de Conservação Rio, Museu do Amanhã, Museu de Arte Moderna, Theatro Municipal, Ziraldo e Instituto Elifas Andreato.
Fonte: ims.com.br